sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Eles


Ele - Queres vir até à ponte?

Ela - Levas-me no quadro ou tenho que levar a minha?

Ele - Posso-te levar...

Ela - Mas eu sou pesada e tenho medo de andar rápido!

Ele - Então trás a tua. Despacha-te!

Ela - Despacho nada, ainda demoro a ir buscá-la e depois também não vais ao meu ritmo e fico para trás. Não vou.

Ele - Eu espero por ti mas vai lá rápido!

Ela - Estás a ver? Não consegues esperar. Já está em ti. Agora é que não vou!

Ele - Então vou sozinho. Só me chateias!

Ela - Se prometeres que esperas, eu vou então...

Ele - Se prometeres que vais buscar rápido o raio da bicicleta...

Ela - Até já.

Ele - Assim está melhor.

Ela - És mau. Que coisa!

Ele - E tu és parvinha todos os dias! (rrrrr)


quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Avô


Era Janeiro.

Fazia calor e o tempo estava encoberto.

O vento abanava bastante as velas do barco que se via ao longe.

A maré estava irritada e as ondas tinham compasso apressado.

Era quinta-feira.

Era o dia do avô levar o neto a pescar.

Nas rochas maiores e mais lisinhas lá estavam eles.

Com a felicidade que só traziam uma vez por semana.

Com a cumplicidade que só o mesmo sangue consegue.

O avô estremece, estremece e cai na água.

O neto vai atrás mas volta sem ele.

Era o melhor funeral que lhe poderiam dar.

Foi o dia do neto levar o avô a pescar.