quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Avô


Era Janeiro.

Fazia calor e o tempo estava encoberto.

O vento abanava bastante as velas do barco que se via ao longe.

A maré estava irritada e as ondas tinham compasso apressado.

Era quinta-feira.

Era o dia do avô levar o neto a pescar.

Nas rochas maiores e mais lisinhas lá estavam eles.

Com a felicidade que só traziam uma vez por semana.

Com a cumplicidade que só o mesmo sangue consegue.

O avô estremece, estremece e cai na água.

O neto vai atrás mas volta sem ele.

Era o melhor funeral que lhe poderiam dar.

Foi o dia do neto levar o avô a pescar.

1 comentário:

Ricardo Amorim disse...

Caí no erro de ler o texto com o som de musica do teu myspace...e...arrepiei-me!