sexta-feira, 19 de junho de 2009

Comichão


Já quis que me odiasses quando no meu calendário emocional isso signicava que a palavra que muitos usam por aí, se podia manifestar.
Porque tu só gostas de brincar comigo. Tapo os olhos, conto até quinze devagarinho, parto à tua procura e quando chega a hora de apareceres, permaneces no teu esconderijo, qual flamingo rosado na hora de ser fotografado.
E eu faço força para te esquecer. Esquecer não por me fazeres isto mas porque nunca brincas a sério.
Assim como quando os meninos que são espezinhados ou calcados, só esperam um pedido de desculpas que cura dores que demoram semanas a passar.
Porque tu só gostas de brincar comigo aos espíritos, quando estou descansadinha quase a dormir, bates-me três vezes à porta e quando vou a abrir, desapareces. E fazes isso outra vez, e outra, noite atrás de noite.
E eu faço força para te esquecer.
Porque só gostas de brincar sem mim ao Milhafre-Preto, semelhante oportunista alimentar que varia a dieta conforme o lado para que está virado, alimentando-se de inúmeros pequenos animais sensíveis à sua ira que seduz e desencanta até matar.
E eu faço força para te esquecer. Esquecer não por me fazeres isto tudo mas porque nunca brincas a sério.
De tanta força que fiz, dei por mim a conseguir ser feliz.
E no outro dia, quando nos cruzámos, o impacto partiu o telhado. Apareceste do esconderijo e nunca mais lá voltaste, restringiste a dieta a greve de fome e tornaste-te real. Tudo isto metido dentro de um olhar.
E foi quando lá dentro, num sítio vermelho, saiu uma comichão de sentimento sem sangue e sem água misturado.
Uma comichão de sentimento verde-branco sem ser traçado, guardado sem prazo de validade, e bem selado.

4 comentários:

Anónimo disse...

Mais um post onde a comichão é bem real...

Como escreves bem ;)

Beijos, Corto

Anónimo disse...

Vou me sentar e beber uma garrafa de verde-branco, bem fresca de preferência, a acompanhar um bom bife de vaca mal passado. No final um gelado bem gelado e um café curto bem quente... fumar um cigarro e ler novamente o texto!

Espanta Sono disse...

Na minha opinão, o passado não se esquece, ultrapassa-se.
Gostei. Beijinho :D

ZicKroft disse...

Andas preguiçosa :*