domingo, 2 de dezembro de 2007

Não Chega Ninguém




Palpita-me o sono.


As faíscas do teu pensamento ainda não me deixam adormecer.


Raciocínios desvairados quebram a minha noite de introspecção.


Estremeço com um ruído que confundo com o teu rodar de chaves mas...não chega ninguém.


O candeeiro baixa a luz sem eu pedir e a televisão está ligada para a mosca que não me larga há duas noites. Merda!


Até os lençóis sentem a falta dos teus ácaros, dos teus bocadinhos de pele morta, dos teus cabelos que caem...muitos deles arrancados por mim...


Um motor a trabalhar lá em baixo. Ou é o teu ou o do vizinho da frente. A esta hora...não chega ninguém.


Um grilo! O último que ouvi morava no Gerês. Na noite curta, na tal noite que te senti mais dono de mim do que eu já alguma vez fui...


Mas agora não. Nada disso!


A auto-suficiência já mora comigo e vai ficar pelo menos até amanhã de manhã.


E mal acorde vou buscar alguém para mudar todas as fechaduras para que, mesmo que espere, não chegue ninguém.

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