domingo, 2 de dezembro de 2007

Luzes Intermitentes




























U
m dia, num lugar, contaste-me que o coracão é uma casa com muitos andares e muitos compartimentos. Uns apagados, uns iluminados. Lembras-te?
Agora sei que estavas num com uma lâmpada de baixo consumo. Ela fundiu, passado uns anos, e eu não quis trocar nem tocar mais no teu compartimento.

-Porquê?
-Tu nunca me perguntas porquês!!!

(Pausa)

- Acho que tinha a casa com luzes intermitentes. Os medos que tinhas e me contaste tarde demais, realizaram-se...

Agora e aqui:

A chuva cai em tempo de compasso, as sombras das gotas reflectidas no volante acendem a nostalgia do quarto que partilhávamos em casas diferentes.

- Será que em tua casa o meu quarto ainda tem luz???
- Será que quando me ves, a luz sobe de intensidade e apagam-se as outras luzes???

Acabou de passar uma pessoa. 1 olhar, 2 olhares, 1 camisola branca com capuz e umas mãos jovens.


- Será que estas mãos fazem tremer alguém???

- Será que em casa de alguem haverá um quarto só dele???


Olho novamente as gotas. Olho o teu quarto e ainda lá está. Apagado pelas luzes intermitentes de outrora. Umas vão, umas ficam.

O teu ainda lá esta, guardo o recheio intacto, não mexi em nada.

No teu andar existem mais quartos mas mais nenhum dele foi habitado.


Saio do carro, olho o céu, a chuva molha-me o pensamento aleatóriamente. Molha-me o lugar onde te encontravas pelo menos na hora que antecede o meu deitar.
Depois deste tempo que conhecemos, no teu quarto, a tua lâmpada fez curto-circuito pela primeira vez...

- Será que quando me ves, a luz sobe de intensidade e apagam-se as outras luzes???

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